Human-------
Idade-----------
Sou eu quem assiste às lutas,
Que dentro d'alma se dão,
Quem sonda todas as grutas
Profundas do coração:
Quis ver dos céus o segredo;
Rebelde, sobre um rochedo
Cravado, fui Prometeu;
Tive sede do infinito,
Gênio, feliz ou maldito
A Humanidade sou eu.
Ergo o braço, aceno aos ares,
E o céu se azulando vai;
E o céu se azulando vai;
Estendo a mão sobre os mares,
E os mares dizem: passai!...
Satisfazendo ao anelo
Do bom, do grande e do belo,
Todas as formas tomei :
Com Homero fui poeta,
Com Isaías profeta,
Com Alexandre fui rei.
Ouvi-me : venho de longe,
Sou guerreiro e sou pastor ;
As minhas barbas de monge tem seis mil anos de dor :
Entrei por todas as portas
Das grandes cidades mortas,
Aos bafos do meu corcel ,
E ainda sinto os ressábios
Dos beijos que te dei nos lábios
Da prostituta Babel
E vi Pentápolis nua,
Que não corava de mim,
Dizendo ao sol : Eu sou tua
Beija-me...Queima-me assim !
E dentro havia risadas
De cinco irmãs abraçadas
Em voluptuoso furor...
Chiando em polpas de alvura ,
Lábios em brasa de amor !...
Travei-me em lutas imensas,
Por vezes cansado e nu,
Gritei ao céu: e que pensas?
Ao mar: de que choras tu?
Caminho... e tudo o que faço
Derramo sobre o regaço
Da história, que é minha irmã:
Chamem-me Byron ou Goethe,
Na fronte do meu ginete Brilha a estrela da manhã.
E no meu canto solene
Vibra a ira do senhor
Na vida , nesse perene
Crepúsculo interior , o ímpio diz : anoitece !
O justo diz : amanhece !
Vão ambos na sua fé...
E às tempestades que abalam
As crenças d’alma , que estalam,
Só eu resisto de pé !...
De Deus ao imenso ouvido
A humanidade é um tropel,
E a natureza um ruído
Das abelhas com seu mel,
Das flores com orvalho,
Dos moços com seu trabalho
De santa e nobre ambição,
De pensamentos que voam,
De gritos d’alma que ecoam
No fundo do coração !...
*Tobias Barreto de Meneses (1839 -1889)
Sou guerreiro e sou pastor ;
As minhas barbas de monge tem seis mil anos de dor :
Entrei por todas as portas
Das grandes cidades mortas,
Aos bafos do meu corcel ,
E ainda sinto os ressábios
Dos beijos que te dei nos lábios
Da prostituta Babel
E vi Pentápolis nua,
Que não corava de mim,
Dizendo ao sol : Eu sou tua
Beija-me...Queima-me assim !
E dentro havia risadas
De cinco irmãs abraçadas
Em voluptuoso furor...
Chiando em polpas de alvura ,
Lábios em brasa de amor !...
Travei-me em lutas imensas,
Por vezes cansado e nu,
Gritei ao céu: e que pensas?
Ao mar: de que choras tu?
Caminho... e tudo o que faço
Derramo sobre o regaço
Da história, que é minha irmã:
Chamem-me Byron ou Goethe,
Na fronte do meu ginete Brilha a estrela da manhã.
E no meu canto solene
Vibra a ira do senhor
Na vida , nesse perene
Crepúsculo interior , o ímpio diz : anoitece !
O justo diz : amanhece !
Vão ambos na sua fé...
E às tempestades que abalam
As crenças d’alma , que estalam,
Só eu resisto de pé !...
De Deus ao imenso ouvido
A humanidade é um tropel,
E a natureza um ruído
Das abelhas com seu mel,
Das flores com orvalho,
Dos moços com seu trabalho
De santa e nobre ambição,
De pensamentos que voam,
De gritos d’alma que ecoam
No fundo do coração !...
*Tobias Barreto de Meneses (1839 -1889)
Em : O gênio da Humanidade
Obra : Dias e noites