segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

As Leis de LILIPUT. Grande nação de pequeninos habitantes, conhecida por Gulliver em suas viagens.

O autor do livro as viagens de Gulliver, o irlandês Jonathan Swift, aborda na sua obra uma análise sobre as leis e seus efeitos na sociedade de Liliput no capítulo 6º, § 3º. Para o autor esse esclarecimento do ponto de vista sociológico visa demonstrar como é que os habitantes de Liliput se relacionam entre si com a aplicação de suas leis, uso de seus costumes e por que não produção de sua cultura. E assim inicia Swift dizendo:

“No império há algumas leis e costumes muito peculiares, e se não fossem tão diretamente contrários aos de meu querido país eu poderia ser tentado a justificá-los. [...] Todos os crimes contra o Estado são punidos aqui com maior severidade; mas se a pessoa acusada conseguir provar sua inocência no tribunal sem deixar nenhuma dúvida, o acusador é imediatamente condenado a morte ignominiosa;"

Esse trecho mostra fielmente a importância que os liliputianos dão a honra, a imagem e qualquer ofensa se não provada de infâmia gera uma conseqüência que leva a morte. Num país de pequeninos essas questões relacionadas às informações referentes a alguém devem ser algo amplamente protegidas. Poderiamos pensar que sendo o país pequeno a mentira se espalharia mais rápido, mas talvez estivesse aí uma peculiaridade que revelasse de alguma forma o caráter do escritor tendo em vista que foi o mesmo conhecido na sua vida escolar apenas por suas punições e numa futura formação em Teologia pela Universidade Oxford compreendeu que as punições eram importantes para casos como o dele e sendo assim em Liliput não poderia ser diferente com o valor da honra. Homens pequenos sim, mas de grande honra. Enfim...este Bucentauro apenas cogita !

Finaliza o pensamento dizendo que para o inocente ele:

“é quadruplamente indenizado sobre o valor de seus bens ou terras, pelo perigo que passou, pelas humilhações e privações sofridas na prisão e por todos os encargos assumidos para fazer sua defesa.”

A riqueza de detalhes engendrada pelo autor vai mais além, pois esclarece o mesmo que na sociedade liliputiana:

“Consideram a fraude um crime ainda pior que o roubo, e a punição para ele é a morte. Alegam que cuidado, vigilância, juntamente com o entendimento comum, podem preservar os bens de um homem dos ladroões, mas a honestidade não tem defesa contra a astúcia maliciosa.”

Assim, para os habitantes de Liliput, segundo o autor, a verdade, a justiça, a sobriedade e outras qualidades semelhantes podem até coexistir mas somente a boa intenção é que dignifica um liliputiano a ocupar por exemplo os cargos públicos. Falando em justiça, o célebre autor traz a simbologia deles sobre essa instituição representada segundo Gulliver como sendo:


“Uma figura com seis olhos: dois na frente, dois atrás e um de cada lado, para significar circunspecção ; apresenta na mão direita um bolsa de ouro, aberta, e na esquerda uma espada desembainhada, para demonstrar que tem mais inclinação para recompensar do que para castigar.”

Por fim aqui no estudo de caso o autor de forma fantástica consegue até descrever como seria a impressão contrária, donde o liliputianos analisam as leis dos homens. E na visão dos liliputianos:
“existe um erro político entre nós quando[...] são reforçadas apenas as punições, sem nenhuma menção de recompensa.”

Isso justifica o porque dos habitantes de Liliput representarem a justiça também com uma recompensa que no caso é a bolsa de ouro. É lamentável ainda não evoluímos, a sanção premial não existe. Logo, 1 x 0 Liliput sobre a humanidade ocidental de hoje.

Dados Biográficos

*Jonatam Swift faleceu em 1745. A essa altura da vida no alto dos seus 78 anos estava surdo e louco. A surdez provavelmente só se agravou pois desde jovem padecia desse mal. O corpo foi enterrado na Catedral de São Patrício ou Sanit Patrick em Dublim, Irlanda. Na lápide uma inscrição em latim redigida pelo mesmo e que em vernáculo significa:

“Aqui jaz o corpo de Jonathan Swift, doutor em Teologia e deão desta catedral, onde a colérica indignação não poderá mais dilacerar-lhe o coração. Segue, passante, e imita, se puderes, esse que se consumiu até o extremo pela causa da Liberdade".

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Diálogo parte I - Cícero como senador na República Federativa do Brasil




Mas uma vez começamos a explorar o tema desta publicação no blog com uma interrogação, "e se Cícero fosse senador?" Assim como nas outras procuro sempre trazer a vós uma perspectiva nova traçando um olhar particular que deságua numa circunstância.

Sabemos, pois, que no Senado temos os chamados “pais da pátria”, mas aqui no Brasil será que temos os pais que precisamos? E sendo eles pais quem esses ditos pais tem como referencial de paterno? .
Pensando nisso lanço-vos distintos e colendos membros do Senado Federal um pai a vós. Um exemplo a todos vocês. O nome dele é Marcus Tullius Cicero já citado noutros temas deste blog e que com uma biografia respeitável no tocante a res publica, ou coisa pública, e que deixou um verdadeiro manual de pai, aos que servem ao Estado ou não, afinal esse romano é uma das melhores heranças deixadas pela civilização romana sendo ele conhecido por seus ideais desde a filosofia, direito e claro passando e fazendo política.
E Marco Túlio Cícero, aqui para nós Cícero, viveu e aprendeu principalmente nos momentos conturbados muito do que qualquer homem em Brasília leva vários mandatos e não aprende em seus meios políticos, a verdadeira política. Talvez por que no Senado ou congresso não se ensinem sobre moralidade, ética ou similares de comportamento . Talvez por que só se devesse dar o direito a candidatura àqueles que possuem essas condições de ética, visto que certamente não é lá lugar para aprender e sim exercitar, afinal exemplo vem de cima.
Entretanto, se estivesse Cícero vivo e fosse senador em nossa República Federativa, certamente um dos seus primeiros discursos seria ouvido o transcurso da seguinte passagem encontrado no livro Dos Deveres, de sua autoria. Dizendo ele :
“Quem quiser governar deve analisar duas regras de Platão : Uma, ter em vista apenas o bem público, sem se preocupar com a situação pessoal; Outra, estender suas preocupações do mesmo modo a todo Estado, não negligenciando uma parte para atender a outra.” (p.57)
Penso que seria ele aplaudido, afinal no grande salão do congresso aplauso é o que não falta, aplauso de servente, aplauso de estudante, aplauso de moscas.., sendo que os que de fato são destinatários das mensagens estão nos gabinetes ou no plenário lendo jornal e com um celular ao ouvindo falando com alguém, que no momento e sempre nesses momentos é mais importante que o orador, enfim(...). E ainda que aplaudam, aplaudir é fácil todavia ser digno para se ter aplausos é que está em falta na pauta moral de alguns eleitos.
Como é de praxe, outros senadores pediriam a Cícero uma parte- indicando pedido de fala dentro do tempo do orador- argumentando que vossa Excelência é formoso com as palavras e blá blá blá...
Mas sendo atualmente senador, Cícero hoje "votaria" com a mesa ou contrária a ela no que diz respeito à criação de cargos comissionados com salário de R$ 9.979,24 ?
Talvez diria ele naquilo que resume em síntese os deveres do seu livro que :
“Nunca façamos aquilo que não possamos nos explicar”(p.61)
Sem mais nem menos, apenas o necessário !
E já na ponta da língua se ouviria uma justificativa daqueles que defendem a salutar criação dos cargos :
Vossa excelência senador Cícero, saiba que nos é permitido gerir esses recursos, afinal é de costume no nosso meio aumentar esse tipo de verba sempre que a câmara dos deputados aumenta sua igual verba de gabinete..então seguindo a tradição estamos legítimos no pedido de tal proposta. Pois Vossa excelência sabe que não temos verba de gabinete então.. dessa forma.. com isso... !
Cícero, determinado e como sempre movido por ideais que o igualam aos grandes homens, rebate de forma conclusiva dizendo:
(Vossa excelência) “...quem governa a República é tutor que deve zelar pelo bem de seu pupilo e não pelo seu; aquele protege só uma parte dos cidadãos, sem se preocupar com os outros, introduz no Estado os mais maléficos dos flagelos, a desavença e a resposta. Isso faz com que uns passem por amigos do povo, outros por defensores da aristocracia.” (p.57)
Sem mais nem menos, eis um bom pai aos órfãos do Congresso !
E...de volta aos gabinetes, pois continua em outro momento oportuno, afinal o diálogo no congresso não termina .

*Os trechos em itálico, entre aspas e de cor verde são transcrições retiradas do livro Dos Deveres, cujo autor é o nosso Marco T. Cícero.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Até quando ? Um grito por Mianmar

Soberania palavra que significa “poder ou autoridade suprema” é resultante da independência e autonomia de um Estado . É justamente quando os Estados adquirem esses atributos, de autonomia e independência, que aparecem no cenário internacional sendo considerados sujeitos de direito, ou seja, sendo capazes de contrair obrigações e vindicar direitos . Ocorre que assim como os Estados são sujeitos internacionais, também no plano do direito internacional público os indivíduos também o são, e assim como os Estados, possuem personalidade no plano internacional .
Mas um caso intrigante que atualmente chama nossas atenções diz respeito justamente ao Estado de Mianmar, país do sul da Ásia, cuja população ultimamente tem sofrido dois graves problemas . 1º A ditadura composta por uma junta de militares cuja denominação segundo os mesmos é - "Conselho de Estado para a Paz e o Desenvolvimento" . 2º As catástrofes naturais que assolam o país deixando desabrigados milhares de pessoas .
Mianmar segundo último senso realizado em ainda em 1983 possuía aproximadamente 49 milhões de pessoas, sendo que apenas 3% possuem acesso a água, resultando um IDH de 0,583 (132º colocada) e com uma renda per capta de $1,691 dólares que é fruto de um PIB de 94 milhões de dólares . Isto é, mais um país pobre da Ásia .
Só que em Mianmar hoje quase 3 milhões de pessoas estão em grave estado de miséria vivendo um flagrante crime as suas dignidades e passando por todo tipo de necessidade . Como se ainda fosse pouco, a junta de militares que atualmente é presidida pelo General Than Shwe impede qualquer tipo ajuda humanitária aos desabrigados do ciclone .
Em uma democracia o mais natural seria que todos fossem amparados incondicionalmente pelos Estado, mas em Mianmar isso é um sonho . Sonho também seria todos terem uma ajuda digna, mas isso parece ser um pesadelo nas mentes das autoridades birmanesas de Mianmar que embriagados pela soberania impõe ao Estado “deles” qual ajuda que entra e qual não entra, decidindo com isso sobre a sorte de todos, indistintamente , entenda com isso mulheres, crianças, doentes, feridos e toda sorte de miseráveis que ali padesse .
Soberania, até quando se pode tolerar a soberania frente a necessidade veemente que passam os carentes que ali residem? . Até quando um Estado pode invocar esse direito de ser soberano para impedir que a ajuda seja dada aos seus nacionais? Até quando violar a soberania pode ser mais importante que a violação da dignidade humana dos naturais de um país ou daquele país ? Até quando !

*Essas imagens, com exceção da primeira(em cima e ao centro) são de várias pessoas do mundo com problemas semelhantes aos dos habitantes de Mianmar . Só que o ser humano é o mesmo em qualquer parte do planeta e tragédias como as de Mianmar acontecem em várias partes do mundo, inclusive no Brasil !!

sábado, 26 de janeiro de 2008

Um breve comentário biográfico sobre Freud


Sigismund Schlomo Freud, nascido em 06 maio de 1856 na então Moravia (atual Checoslovaquia) tem uma das biografias mais interessantes de todos aqueles que foram ícones no século 20 . Freud , cujo nome foi abreviado em 1877 para Sigmund Freud, viveu em Viena, Áustria, até 1938 . Entre suas obras mais favoritas estão as leituras de Shakespeare e Goethe .
Como acadêmico de medicina já na Universidade de Viena, desenvolveu diversos projetos entre eles estudos relacionando o sistema nervoso central e mais tarde já formado , 1881, desenvolveu pesquisas onde o objeto de estudo era a cocaína .
Visando se especializar mais, foi à Paris atuar com Jean Charcot que era um psiquiatra francês donde seu método de clinicar era baseado na Hipnose. Divergências a parte Freud Rompeu com Charcot por acreditar que os problemas psicológicos não estavam associados com doenças físicas dos pacientes. Outra associação que Freud teve foi com o médico Vienense Breuer . Esse médico utilizava-se do método catártico que se fundamenta na cura pela fala, ou seja, os pacientes ficavam curados dos seus sintomas falando de si mesmos , nesses conversas sobre si Freud observou que no sono hipnótico os pacientes diziam certas palavras de maneira diferente das que diziam outras, isso o levou a concluir que essas palavras ditas de modo mais forte e diferenciado eram palavras cuja carga emocional era maior e que por isso tinham um significado mais íntimo com o problema sob o qual a pessoa se apresentava.
Em 1900 lança o livro mais importante de sua carreira “A interpretação dos sonhos” ( Die Traumdeutung) , esse livro tinha na verdade data de 1899 porém Freud queria associar a chegada do novo século com suas as inovações revolucionárias sobre o inconsciente . O livro teve 500 exemplares publicados e fato interessante é que essa pouca quantidade de publicações levou 10 anos para ser vendida . Isso mostra a pouca velocidade devido a resistência contra suas idéias para absorção das teorias desenvolvidas por ele . A Áustria era muito conservadora e isso foi um óbice ao reconhecimento de suas idéias .
Em 1901 Freud é nomeado como professor da universidade de Viena . Em 1902 convida um grupo de amigos e estudiosos a discutirem idéias que eram desenvolvidas e dar opiniões , fazer criticas...(era a sociedade das quartas feiras) Por volta do ano de 1906 pessoas mais ligadas a Freud e o próprio fundam a associação psicanalítica de Viena . Freud Também institui um pequeno grupo de seguidores responsáveis por manter a idéia original de psicanálise , esse grupo recebe o nome de “comitê” e seus membros são agraciados com um anel talhado especialmente e entregue por Freud . A idéia de Freud era defender as concepções da psicanálise contra eventuais distorções ou perseguições. Por isso convidou pessoas de vários países para se juntarem a ele, assim a questão maior da ciência psicanalítica não seria alvo de críticas anti semitas . Importante lembrar que Freud era judeu e como responsável pela criação da psicanálise naturalmente seria investigado e perseguido .
Durante o período da ascensão de Adolf Hitler com o terceiro Reich iniciado em 1933 as perseguições se concretizaram . E a própria filha mais nova, Ana Freud, foi investigada pela gestapo e interrogada durante todo um dia sendo obrigada a falar sobre o pai e suas atividades . Com o passar dos anos Freud se viu acamado diversas vezes, justamente por que contraíra câncer de boca em (1923) e as 33 cirurgias a que passou o debilitavam muito, mesmo assim mantinha-se lúcido e recebia os amigos mais íntimos para discutir sobre os rumos da investigação psicanalítica . Com Hitler a perseguição a judeus se intensificou e aos campos de concentração muitos judeus foram enviados, temendo isso, pessoas próximas a Freud e com influência na política conseguiram um salvo conduto que permitia levar o pai da psicanálise da Áustria para Londres e com isso não ser perseguido . Esse salvo conduto deve-se as interferências da Corte real da Áustria e a Benito Mussolini que conseguiram junto a Adolf Hitler essa permissão para Freud, sua mulher e filhos . O mesmo não aconteceu para suas irmãs que mesmo tendo por volta dos 80 anos foram todas deportadas para campos de concentração e morreram por lá .
Já em Londres morreu aos 83 anos no dia 23 de setembro em 1939 .



Outras obras da autoria de Sigmund Freud :

*Psicopatologia da vida cotidiana (1904)

*Institntos e suas vicissitudes (1915)

*Introdução geral à psicanálise (1917)

*Novas lições introdutórias sobre psicanálise (1933)

*Esboço de psicanálise (1940)


Incluíndo obras póstumas são ao todo 24 volumes .