sábado, 21 de abril de 2007

"Libertas quae sera tamen"
(Liberdade ainda que tardia)

Joaquim José da Silva Xavier tem sua história contada e recontada nos livros de história como sendo : Dentista , alferes , líder inconfidente que foi condenado por lesa majestade em 1792 . Mas, o que mais não nos conta a história sobre esse que foi o único dos inconfidentes (revolucionários) a ter pena de morte cominada com esquartejamento ?

É comum surgirem heróis ainda mais em um país carente de ídolos como o Brasil , porém da mesma maneira como surgem eles são também destruídos e usados , importando mesmo é o interesse de uma classe dominante que utiliza suas histórias de vidas e glórias como peças de um artificioso jogo , jogo onde as peças somos nós ! Na história de nosso nobre Alferes sua morte ocorre em 1792 mas somente em 1899 , registre-se 107 anos depois é que lhe foi alçado o título de herói nacional em virtude do interesse estratégico dos então recém empossados da república que precisam de um ícone para a comoção nacional e formação de unidade entre um povo que vivia atordoado e necessitava de ver um símbolo (também de origem popular) para realçar a nacionalidade em torno do objetivo comum dos republicanos .
Dentre os inconfidentes destacaram-se :
Os padres - Carlos Correia de Toledo e Melo, José de Oliveira Rolim e Manuel Rodrigues da Costa
Os Militares - O tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, os coronéis Domingos de Abreu e Joaquim Silvério dos Reis
Os poetas - Cláudio Manuel da Costa, Inácio José de Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga.
O “ninguém” - Joaquim José da Silva Xavier

Dizemos Ninguém por que sem dúvida dentre os participantes era o de menor classe e prestígio social , porém ,não se esqueçam companheiros de leitura, foi justamente esse ninguém que assumiu tudo , não se eximiu de sua responsabilidade e nem tão pouco delatou seus companheiros !

A delação coube ao militar Joaquim Silvério dos Reis , o Judas dos inconfidentes .

As penas finais impostas pela coroa portuguesa na figura da Rainha Dona Maria I foram :
* Pena de desterro (exceto Tiradentes) – Prevê a saída dos condenados do local do crime e da residência do ofendido . No caso saída do Brasil .
* Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes . Pena de morte e esquartejamento

É... você também deve ter percebido como as circunstâncias entre a história de nosso alferes e a de Jesus Cristo de Nazaré se confundem e podem ser usadas facilmente como mecanismo para ludibriar massas . Ambos possuem cunho revolucionário e delatores . Ambos são usados e não compreendidos . Ambos foram assassinados por uma força dominante . Então caro visitante conheça e reflita sobre nosso mártir e também não mate seus ídolos com um tiro de ignorância , pois ele foi mártir para nossa liberdade e não para nossa submissão !

3 comentários:

Anônimo disse...

Saudações, prezado Bucentauro! A partir deste momento, te agradecerei às visitas ao MN retribuindo ao visitar este teu espaço. E começo te parabenizando pela iniciativa, pois, como bem sabe, a internet carece de bom conteúdo e você vem dar a tua contribuição. Felicitações e vida longa ao "Filosofia & Circunstâncias"! A respeito de Tiradentes, como você bem sabe (e tratou com propriedade), sua mitificação teve por fim dar legitimidade à República. Aliás, essa é a função de qualquer que seja o mito: legitimar as ações do homem na diversidade de suas relações. E Tiradentes é, notoriamente, uma de nossas personagens históricas mais controversas e, conseqüentemente, debatidas. Há inúmeras publicações cujo intuito é desvendar "a verdade" acerca do alferes Joaquim José da Silva Xavier e, por assim dizer, desconstruir o mito. E mesmo os livros didáticos (os mais atuais, pelo menos) trazem à tona esta discussão e trazem consigo a necessidade de transformar a aula de História em uma aula de Introdução à Filosofia também. Enfim, muito boa tua escolha. Parabéns, mais uma vez! Meu e-mail: debsonluis@uol.com.br

Bucentauro disse...

Prezado Debson fico muito grato em ver que você atendeu ao meu convite e se fez presente com suas palavras .É , sem dúvida ainda hoje o cidadão Tiradentes continua a ser mal entendido e nesse breve artigo defendo sim a postura de mártir do nosso alferes mas me indigno por ele ser ainda hoje usado e abusado . Até os desprovidos de razão conseguem macular sua imagem pela ignorância dos atos , pois o que importa " é ser feriado " A história e o exemplo de vida são valores hoje que duram 15 minutos...lamentável!

*Obrigado e seja
sempre bem-vindo !

Anônimo disse...

Comentando o comentário! Concordo Sr. Bucentauro, o que interessa hoje ao povo é o feriado, diga-se de passagem, é bem capaz de boa parte da nova geração não saber nem o nome de Tiradentes. Sim levou 107 anos para ser lhe dado o título de herói nacional, mas independente de um interesse estratégico creio que foi uma homenagem legal (creio que de maneira nenhuma ele iria ser deixado de lado, uma hora ia acontecer), admiro muito sua perseverança e coragem, e se não não fosse por ele eu acharia que nenhum brasileiro seria capaz de morrer pelo que acredita :P brincadeira... mas isso é rarissimo. Diga-se de passagem, contra essa nova república (que deu reconhecimento a tiradentes) explodiu a guerra de canudos onde homens, liderados por antônio conselheiro também morreram pelas suas crenças (sob uma ótica bem diferente,e um tanto quanto comunista).
Eu acho que ter um mártir no Brasil é raro, e qdo tem o povo duvida :P hauhau, ou então é a descrença na seriedade da propria sociedade. Afinal existem algumas "personalidades" nacionais que foram verdadeiros monstros, e a falta de informação ainda faz com que haja essa "desconfiança" com quem deve ser levado realmente a sério.
Meu Deus, como me expresso mal, foi malz pessoal, espero que entendam alguma coisa... e parabens pelo blog Bucentauro, mto bom mesmo. :)